sexta-feira, 5 de junho de 2015

Capitulo 100

Levantei a cabeça assustada e olhei para todos os lados a procura de quem havia me chamado, mas não vi ninguém em nenhum canto. Comecei a pensar que só podia estar começando a enlouquecer. Deitei novamente a cabeça, e fechei os olhos "Jéssy?" De novo, abri os olhos assustada, não havia ninguém ali, alguém só podia estar brincando comigo. Me sentei e perguntei bem alto "Quem é?" Nenhuma resposta, um toque. Me virei assustada e a mão de Téo segurava a minha, os olhos dele se abriram, fecharam e nada, só o silencio .. Piiii .. foi o barulho que trouxe três enfermeiros até o quarto "A senhora precisa sair" foi o que me disseram "Não, o que aconteceu? Ele acordou, eu vi" foi o que eu gritei. Com a mesma rapidez que isso aconteceu eu fui tirada do quarto, meu mundo desabou e voltei em queda para a realidade da dor "Jéssy, Jéssy ..." 
- Jéssy fala comigo - Beatrice me sacudiu com força - O que houve la dentro?
- O Téo, ele acordou - comecei a chorar - Ele abriu os olhos, ele me chamou - gritei - Eu não to ficando louca 
- Eu sei, eu acredito - me fitou - Se acalma Jéssy, por favor 
- Ele chamou meu nome, ele, ele pegou na minha mão - levantei-a a frente do rosto. Olhei pra Beatrice e ela parecia estar com pena, ou dó, não sei. Só sei que ela me abraçou e eu comecei a chorar 



- Vai ficar tudo bem, ouviu ? Você não esta sozinha - me abraçou mais forte - Agora vem, você precisa se sentar um pouco e ficar calma - me guiou até uma das cadeiras da sala de espera
- Eu, eu achei que você já estivesse no carro - falei enxugando as lagrimas 
- Eu estava indo pra la, mas ai uma enfermeira me viu e perguntou se você estava sozinha, ai eu falei que sim e ela disse que eu tinha que esperar você - balançou os ombros - Dai ouvi a confusão e vi trazerem você pra cá
- Eu não vi você, parecia que eu estava dentro de um pesadelo - a olhei - E o Luan? - perguntei e ele desviou os olhos - Ele não vem, não é? - recomecei a chorar - Já fazem dois dias, ele não vê o quanto eu preciso dele? O quanto ele longe esta piorando o meu estado ? - me exaltei 
- Jéssy, calma por favor - me olhou - Ele vai perceber que esta errado 
- Vai coisa nenhuma, ele é teimoso que nem uma mula - quase gritei - Cade o meu celular ?
- Jéssy, eu acho melhor ..
- Cade a merda do meu celular ??- esbravejei. Ela me olhou e tirou o celular da bolsa depois me entregou, disquei o numero do Fernando e no terceiro toque ele atendeu 
- Alô ? 
- Oi Fernando, sou eu a Jéssy 
- Oi Jéssy, tudo bem ? - ele disse animado
- Não, nada bem - choraminguei - Eu to no hospital 
- Espera, o que aconteceu ? Você ta bem ?
- Sim, não, quer dizer, é meu irmão ele ta internado em coma - suspirei - Pra piorar o Luan não quer nem me ver e eu to precisando do apoio de alguém - choraminguei - Sera que você podia vir pra cá ?
- Claro, claro. Me fala em que hospital você esta .. - Dei o nome do hospital ao Fernando e desliguei. Beatrice me olhava como se não acreditasse no que eu havia acabado de fazer 
- Jéssy você andou bebendo? O Luan vai te matar, vai matar o Fernando - resmungou - E vai me matar por não ter te impedido - me olhou incrédula 
- Foda-se o Luan - me exaltei - Ele não quer estar comigo quando mais preciso então não pode reclamar de nada - falei mandando uma mensagem para o Luan. 

Luan Narrando 

 Estava deitado no sofá tentando esfriar minha cabeça quando meu celular apitou, já estava preparado pra mandar a Beatrice pra quele lugar quando vi no visor que era uma mensagem de texto da Jéssy, respirei fundo e me sentei no sofá, fiquei olhando pro celular uns cinco minutos antes de finalmente abrir a mensagem que dizia : Seu idiota :@ . E agora mais essa, eu não acho que eu seja o idiota dessa situação, ela nem sabe o que esta dizendo. Meu celular apitou e eu olhei de novo, dessa vez era uma mensagem da Beatrice : Seu idiota .. Outra me chamando de idiota ... Você fica ai de frescura nesse seu cu branco e a Jéssy acabou de chamar o Fernando pra "consolar" ela, ta satisfeito agora?? 
- Idiota, idiota, idiota, eu sou um idiota - me levantei com o celular na mão - Eu sou um tremendo de um IDIOTA - comecei a esmurrar as coisas ao meu redor, andei pra tudo que foi lado e mandei uma mensagem pra Beatrice : Se esse filho da puta encostar um dedo nela eu quebro aquilo que ele chama de cara. Faça-me o favor de manter ele longe dela antes que eu mate você também!! 

Beatrice Narrando 

 Me afastei da Jéssy dizendo que iria pegar uma água pra ela e aproveitei para mandar uma mensagem de texto pro Luan, não demorou muito e ele me mandou uma mensagem em resposta, e como eu imaginei estava soltando fogo pelas ventas
- Legal, agora ele vai me matar mesmo - resmunguei 
- Quem vai te matar? - me virei e ela estava parada atras de mim
- Am, ninguém, ninguém não - sorri nervosa
- Você não me engana Beatrice, que é que você ta olhando ai nesse celular - tentou ver - Me deixa ler o que ta ai 
- Não, é particular - protestei 
- O que é tão importante?
- Nada demais Jéssy - resmunguei - Podemos ir?
- E a minha água ? - bateu o pé no chão
- Já ia esquecendo, espere ai - enfiei o celular no bolso da calça e sai andando, senti uma mão na minha bunda e quando vi ela estava lendo a mensagem, ÓH MEU DEUS, QUE MERDA 
- Então você foi fazer fofoca pro Luan não foi? Agora quem vai quebrar isso que você chama de cara sou eu - veio andando em minha direção 
- Jéssy, calma por favor. Eu só queria que ele acorda-se 
- Ah claro, sua fofoqueira enxerida - gritou. Sai correndo a toda velocidade, e ela veio atras de mim. Como alguém no estado dela consegue correr desse jeito? 
- Ei ei, o que houve aqui ? - um homem disse quando esbarrei nele - O hospital esta pegando fogo ou algo parecido?
- Não, pior, muito pior - olhei pra traz desesperada - Eu preciso sair daqui antes que ela me alcance 
- Jéssy, aqui - ele gritou levantando a mão 
- Imbecil ela vai me achar - resmunguei 
- Achei você sua desgramada - ela já ia me dando um tapa quando ele a segurou 
- Calma ai flor, vai se machucar desse jeito - a olhou de cima a baixo - Como vai o bebe?
-Bem, eu acho - disse respirando com dificuldade - Mas, obrigado por vir 
- Não me agradeça - disse com um meio sorriso - E essa ai deve ser a Beatrice - disse me medindo
- Sim - respondi - E você o tal de Fernando - revirei os olhos 
- O tal de Fernando - começou a rir - Mas disso você já sabia 
- Como, como ela já sabia ? - me olhou desconfiada 
- Eu deduzi, você agradeceu por ele vir então só podia ser ele - respondi de prontidão 
- Hum, certo - o encarou - Você pode me levar pro apartamento? Não quero ir com a Beatrice, se não corro o risco de esganar ela - sorriu irônica
- Claro, vamos?
- Não, agora não - disse - Fiquei tão nervosa que não fui ver meu irmão, preciso ver se ele esta bem 
- Ah claro, vamos entrar então - colocou a mão nas costas dela e os dois entraram no hospital. Fiquei parada no meio do estacionamento rezando pra minha morte ser rápida e indolor, porque quando o Luan chegasse eu iria estar totalmente ferrada. 

Jéssy Narrando 

 Entrei com o Fernando no hospital e fui correndo até a porta do quarto em que eu havia visto meu irmão pela ultima vez, abri a porta e estranhei quando ninguém veio me barrar, olhei pra cama e não vi o meu irmão la. Comecei a desesperar e passei pelo Fernando correndo, bati as mãos no balcão da recepção e comecei a chorar desesperada 
- Onde esta o meu irmão? Pra onde vocês levaram o meu irmão ? - gritei pra recepcionista 
- Peço que se acalme senhora, como é o nome do seu irmão?
- É Téo Rodrigues, o nome dele é Téo Rodrigues 
- Certo, só um momento - disse teclando no computador - Aqui diz, que seu irmão foi levado de volta a UTI. 
- Como assim levado de volta pra UTI, ele estava estável, como pode ter piorado assim do nado? Como pode ter piorado se ele acordou, ele me chamou la no quarto - apontei gritando e chorando
- Eu não sei senhora, peço que se acalme e aguarde que o médico venha lhe informar sobre o estado de seu irmão - me olhou com dó 
- Aguardar, é só isso que vocês me mandam fazer nessa porcaria de hospital, eu quero ver o meu irmão - choraminguei quase indo pra cima dela 
- Calma Jéssy - Fernando me segurou - Vai ficar tudo bem, agora vem se sentar, não vai adiantar você ficar nervosa, só vai piorar as coisas - Balancei a cabeça e fui com ele me sentar, parecia que aquele pesadelo não iria ter fim. - Você esta bem ? - perguntou 
- Não, nenhum pouco Fernando - funguei - Alem de a gravidez ser de risco, meu irmão esta em estado grave e o Luan não quer saber de ficar comigo
- Eu não entendo, ele sempre pareceu ser tão apaixonado por você - balançou a cabeça
- Eu sei, mas eu falei uma merda sem querer a dois dias e ele não quer me desculpar, ele não quer entender pelo que eu to passando - choraminguei
- Nossa, mas ele não vê que você precisa de apoio? Ele não pode simplesmente te deixar sozinha quando você mais precisa dele 
- Eu sei - comecei a chorar - Eu preciso que isso acabe, preciso fazer alguma coisa - me levantei 
- Calma Jéssy, por favor - se levantou ficando de frente pra mim
- Eu preciso, preciso fazer alguma coisa - disse entre lagrimas 
- Não ha nada a se fazer Jéssy, se acalme - me puxou e me abraçou - Eu to aqui com você 

Luan Narrando 

 Depois de mandar a mensagem fui pro meu quarto, catei a primeira roupa que eu vi e me troquei, enfiei o celular no bolso da calça, peguei as chaves do carro e desci as escadas como se o mundo estivesse acabando 
- Ei filho, que pressa é essa? - minha mãe me perguntou 
- Vou pro hospital - disse já abrindo a porta
- Ah finalmente, a Jéssy precisa de você 
- Parece mais que ela precisa do Fernando - resmunguei - Aquele filho de uma égua ta indo pra la pra consolar ela, mas eu não vou permitir 
- Como assim Luan? Como o Fernando ficou sabendo?
- Ela chamou ele mãe, a Jéssy - a olhei - Não posso deixar, eu vou quebrar a cara dele antes que ele possa dar uma de bonzinho
- Filho pelo amor de Deus, não faça nenhuma besteira - disse preocupada - Se você bater nesse rapaz pode piorar a situação
- Não tem como piorar mãe, não tem - disse e sai pela porta. Entrei no meu carro e acelerei o máximo permitido, precisava chegar naquele hospital antes do infeliz do Fernando ... ( ...) A porcaria do transito não me ajudou em nada e eu demorei mais de quinze minutos para chegar no hospital, quando cheguei, me deparei com a Jéssy e o Fernando abraçados no meio da sala de espera, não sei como mas eu cheguei perto deles em tempo record e o puxei com toda a minha força 
- Quem você pensa que é pra fazer isso ? - Jéssy me olhou com ódio
- Eu sou seu marido - me exaltei - Não vou admitir você ai se abraçando com outro 
- Você se esquece que eu estava me abraçando com outro - fez aspas - Porque você não foi capaz de ficar do meu lado quando eu mais precisei de você !!
- Você não entende mesmo não é? Você acha que ta sendo fácil pra mim, ficar longe de você? Pois não esta - esbravejei - Ta uma merda sem você, mas você sabe as palavras que usou aquele dia, eu precisava esfriar a cabeça, não queria acabar falando coisas das quais fosse me arrepender depois 
- Ta bom Luan, fale o que você quiser, mas eu não quero saber, você me deixou no momento mais difícil da minha vida e isso eu não consigo perdoar - apontou para a saída - Agora me faça o favor de ir embora daqui, vai la ficar esfriando a sua cabeça 
- É o que você quer não é?! Pra ficar ai com o seu Fernandinho - falei com nojo - Mas você se esquece que você se casou comigo e não com esse filho da puta !
- Meu Deus, eu nunca ouvi tamanho absurdo na minha vida - passou a mão nos cabelos - Sai daqui Luan Rafael, SAI - gritou 
- Não vou sair, eu sou seu marido Jéssy e vou ficar aqui - me aproximei dela 
- Sai de perto de mim Luan, sai - me empurrou 



- Ela te pediu pra sair de perto - Fernando me puxou pelo ombro
- Desencosta de mim seu filho da puta - virei o punho serrado bem no nariz dele - Fica longe da minha mulher ta ouvindo?!
- Ela não é sua propriedade seu desgraçado - me empurrou - Você não pode mandar com quem ela pode andar ou não - e desferiu um golpe no meu rosto -E diferente de você, eu não deixei ela sozinha 
- Você não sabe nada sobre isso seu cretino - o esmurrei derrubando-o no chão - E eu não estou mandando nela, estou a protegendo de você seu vagabundo - o chutei 
- PAREM, PAREM VOCÊS DOIS - Jéssy gritou tentando nos separar. Desferi mais um soco no rosto dele antes de a Beatrice aparecer com os seguranças a tira colo 
- Ei ei, calma ai pessoal - disse um dos seguranças - Aqui não é lugar de brigar 
- Me larga, eu vou acabar com a raça dele - Fernando disse tentando se soltar
- Vem se for homem - provoquei também tentando me soltar
- Podem parar, eu vou ser obrigado a levar os dois pra fora - me acalmei e o segurança me soltou, mas continuou do meu lado - Assim é melhor, o que aconteceu aqui?
- Ele larga a mulher dele sozinha em um momento difícil e depois vem reclamar que ela me chamou - resmungou - Vai entender a cabeça desse maniaco 
- Chega vocês dois - Jéssy disse apoiando uma das mãos na barriga - Eu ...
- Com licença, quem é a irmã do Téo Rodrigues ? - o médico apareceu e pareceu estar confuso com aquela situação 
- Sou eu - ela disse indo até ele - Cade o meu irmão ? Ele ta bem ?
- Bem, eu não sei o que houve aqui - hesitou - Não sei se é a melhor hora pra falarmos disso
- Doutor pelo amor de Deus, não vê o que eu tenho que passar?? mesmo estando gravida e com risco de perder o bebe eles ficam brigando - apontou pra nós - Se o senhor não me falar como o meu irmão esta, eu vou acabar morrendo aqui na sua frente - começou a chorar ainda mais 
- Calma, eu vou dizer - pausa - Se quiser podemos ir falar disso na minha sala e ...
- Não, pode falar aqui mesmo - fungou - Não tenho nada a esconder, não é?!
- Bem, se é assim - a olhou mais uma vez e ela fez sinal de positivo com a cabeça - Eu sinto muito Jéssy, seu irmão faleceu ...

Jéssy Narrando 

 "Sinto muito Jéssy, seu irmão faleceu ..." Sabe quando o mundo parece parar de girar e tudo fica preto e branco? Foi exatamente assim que me senti, meu mundo desabou assim que aquelas palavras saíram da boca do médico. Ao meu lado nada mais parecia fazer sentido, via a boca do Luan se mexer mais não ouvia nada, via os enfermeiros correrem até mim mas não sentia nada. Estava em estado de choque, aquilo tudo não podia ser verdade, não podia. 
- Jéssy, vida por favor fala comigo - olhei pro Luan que estava a minha frente - Fala comigo, por favor, me perdoa 
- Luan - disse baixinho começando a chorar - O médico ta mentindo, não ta? 
- Não vida, eu sinto muito - chegou mais perto - Sinto tanto por isso, me perdoa por favor 
- Eu .. ta bom - olhei pra ele, minha cabeça estava girando. Coloquei as mãos no rosto e as lagrimas vieram a tona, Luan então me puxou e me abraçou


- Luan, não me deixa mais sozinha, por favor - chorei em seu ombro - Eu não posso suportar isso sem você comigo, por favor não me deixa mais sozinha 
- Não vou deixar amor, nunca mais - me beijou na testa - Você não esta sozinha, eu estou aqui com você e não vou te deixar, não vou a lugar nenhum - me apertou ainda mais 
- Acho que eu vou embora então - Fernando disse - Você venceu - disse olhando pro Luan
- Ótimo, pode ir - deu um meio sorriso de satisfação - Ela não precisa de você 
- E você é um idiota Luan - falei em seu peito
- Eu sei - beijou minha testa - Mas o SEU idiota 
- Só meu - o abracei com mais força - Quero ir pra casa
- Am com licença, preciso que assine alguns papeis antes de irem - disse o médico - Precisamos fazer o atestado de óbito e a liberação do corpo - pausa - Eu sinto muito por sua perda 
- Tudo bem, ele pode vir comigo ?
- Claro, me acompanhem por favor - disse indo a nossa frente 

( ... ) 

 Depois de assinar os papéis fui orientada a falar com o representante de uma agencia funerária, Luan se comprometeu a pagar por tudo e assinou o contrato com eles, a agencia cuidaria de tudo e o velório seria amanhã, seguido do enterro do meu irmão.Deixei que eles decidissem tudo, não tinha cabeça pra ficar escolhendo cachão ou coroa de flores, só precisava que aquela dor no meu peito sumisse ou pelo menos ficasse um pouco mais fraca, a pior dor é saber que ele era o único da minha família, sangue do meu sangue, agora esta morto, e eu não posso fazer nada para mudar isso. 
- Você esta bem vida?
- Não, preciso descansar, ficar sozinha - o olhei - Já podemos ir pra casa ?
- Podemos sim amor, vamos - beijou minha testa 
 Saímos do hospital e durante o caminho até o apartamento não trocamos uma unica palavra, mesmo porque não havia nada a ser dito naquele momento, eu estava de luto pelo meu irmão. 
Chegamos no apartamento em pouco mais de quinze minutos, e assim que entrei fui logo pro meu quarto, só queria me deitar e chorar até a dor passar. 
- Quer que eu faça alguma coisa pra você ? - Luan colocou a cabeça na porta 
- Não Luan, obrigado - disse o olhando de lado - Só quero ficar sozinha, ta bem?
- Certo, mas se precisar vou estar na sala - sorriu de lado e saiu 
 Fechei meus olhos com toda a força que pude e tentei me lembrar dos momentos bons que passei com meu irmão, queria lembrar dele assim e não como aquele monstro que se apossou dele quando ele conheceu a Beatrice, quero só lembrar de quando ele me fazia sorri, de quando eramos felizes. 

Luan Narrando 

 Vê-la daquele jeito só me sofrer ainda mais, não podia deixar que fosse o Fernando a ficar com ela em uma hora dessas, eu é que sou o marido dela, esse é o meu dever, preciso cuidar pra que ela fique bem, pra que ela possa superar a perda do irmão. Eu sei que ele aprontou com ela, mas entendo a dor que ela deve estar sentindo, se eu perdesse minha irmã não sei o que seria de mim, ela é um pedaço de mim, e sei que minha esposa deve estar com o coração despedaçado, agora cabe a mim ajuda-la a pegar o caquinhos e junta-los novamente. 

( ...) 

 Posso afirmar com convicção que aquela foi a pior noite da minha vida, não consegui dormir e a Jéssy chorou a noite inteira, só quando amanheceu ela pegou no sono, mas não dormiu mais do que três horas. Quando saiu do quarto estava com olheiras enormes e os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, eu que estava na cozinha preparando algo pra ela comer me aproximei dela e sem dizer nenhuma palavra a abracei, não precisava dizer nada, nós dois nos entendiamos só pelo olhar. 
- Eu fiz panquecas - disse a olhando 
- Não quero comer Luan - enxugou as lagrimas com a manga da blusa. Ela estava usando um de meus moletons - Não estou com fome
- Mas você tem que comer, não pode ficar com o estomago vazio, você esta desde ontem sem comer nada - a fitei - Vamos, por favor. Você não vai me fazer essa desfeita, vai? 
- Ta bem, vou tentar - fungou
- Assim que se fala, vem - a puxei até o balcão - Quer calda ? - perguntei e ela negou. Coloquei duas panquecas no prato dela e a servi com suco - Ficou bom?
- Uhum - respondeu mastigando - Obrigado 
- Não me agradeça - a beijei na testa 
 Me sentei com ela a mesa e me servi, comemos em silêncio, e ela quase não tocou no prato, foi com muito esforço que comeu um pouco mais da metade de uma panqueca Quando terminamos recolhi os pratos e enquanto lavava a louça ela foi se banhar, quando terminou de se arrumar estava com um vestido longo e preto, os cabelos presos e um chapéu com renda daquelas que ficam na frente do rosto também preta. Havia passado pouca maquiagem para tentar esconder as olheiras da noite passada. Logo em seguida tomei meu banho e coloquei um terno preto
- Esta pronta? - ela apenas acenou com a cabeça - Então vamos, o pessoal já deve estar la a essa hora - peguei as chaves do carro, celular, carteira e saímos. .. Durante o trajeto pude perceber que ela estava se segurando para não chorar, o que partiu ainda mais meu coração. ( ... ) Chegamos ao cemitério e fomos a capela onde aconteceria o velório, meus pais a Bruna e alguns amigos próximos já estavam la, todos fizeram questão de abraçar a Jéssy e desejar seus pêsames a ela 
- Eu sinto tanto querida, ele era tão jovem - minha mãe disse a abraçando - Pode contar com a gente pra tudo ouviu? E não se esqueça, você não esta sozinha, nós somos a sua família agora 
- Obrigado Mari, eu não sei o que seria de mim sem vocês - fungou 
- Vem amor, a Beatrice que te ver - a chamei. Fomos até onde ela estava e as duas se abraçaram, e choraram juntas. Depois de trocarem algumas palavras as duas foram se sentar em um canto reservado, o corpo de Téo ainda não havia chegado.
- O que eu não entendo, é que meu irmão sempre foi cuidadoso no transito, ele não iria correr assim sem nenhum motivo 
- É verdade, quando andei com ele de carro ele sempre foi cuidadoso. Fazia todo mundo colocar o cinto e nunca passava da velocidade permitida - Beatrice concordou 
- Ele devia estar chateado, ou nervoso - eu disse - Eu mesmo costumo acelerar quando estou assim 
- Costumava senhor Luan, não vou perder você também ouviu?! - me disse seria 
- Ouvi sim - balancei os ombros 
 ( ... ) Todos olharam para traz quando chegaram trazendo o caixão com o corpo do Téo, Jéssy foi a primeira a se aproximar, olhou pra dentro do caixão e chorou. Ela colocou as mãos sobre as mãos dele, se abaixou e beijou seu rosto "Eu te amo Téo" ela disse baixinho. Depois se levantou e veio até mim, a abracei e a senti soluçar em meus braços
- Vai ficar tudo bem, ele esta em um lugar melhor agora - cochichei pra ela 
- Eu sei, só estou com saudades - choramingou 
- Você vai se acostumar com a saudade amor, agora só foque em lembrar que de onde ele estiver tenho certeza de que esta olhando por você e te protegendo, 

( ... ) 

 Quando chegou a hora, o caixão foi fechado e levado para o lado de fora, Téo seria enterrado ao lado dos pais, a Jéssy achou que seria melhor assim e eu também. Todos se reuniram em volta do caixão, e foi colocado um microfone para que Jéssy pudesse dizer suas ultimas palavras 
- Bem - disse olhando para todos - Me perdoem se eu não conseguir falar, dói muito falar do meu irmão no passado - pausa - Hoje é um dos dias mais difíceis da minha vida, nunca pensei que alem de enterrar meus pais, iria também ter que enterrar o meu irmão. Pensei que depois de perder meus pais, o Téo cuidaria de mim até o ultimo dia de minha vida - pausa - Que seriamos eu e ele contra o mundo, mas, sei que ele deve estar feliz, ele agora esta junto dos nossos pais, e tenho certeza de que onde ele estiver eles irão cuidar dele pra mim - sorriu de leve - Pode parecer estranho pra vocês, mas agora estou sentindo falta até das brigas que tive com ele - todos deram uma risadinha - Sabe, a morte é injusta mas tem seu lado bonito. Ela reaproxima as pessoas, ensina a elas lições valiosas, como não correr com o carro - riu tristonha - E como valorizar aqueles a quem amamos, pois amanhã, ou daqui a uns minutos podemos acabar perdendo essa pessoa. Então, digam sempre pras pessoas importantes, o quanto vocês a amam, o quanto são importantes na sua vida antes que seja tarde demais, e não deixei que brigas bobas separem vocês. - Pausa - Téo foi um grande irmão, apesar de tudo, e eu vou sentir a sua falta. Obrigado - disse e todos aplaudiram. 
- Você foi muito bem vida, lindas palavras - sorri pra ela e a abracei. O caixão foi baixado e começaram a jogar rosas e flores, Jéssy jogou as flores preferidas de sua mãe e olhou-as serem enterradas junto com seu irmão. 

( ... ) 

 Depois de um dia de abraços e palavras de afeto voltamos pro apartamento, os dois cansados e com o coração pesado, nesse momento tudo se concretizou, não tinha mais volta, não tinha mais jeito de ser mentira, ele estava morto e enterrado.
- Que tal postar uma foto de vocês? Você pode fazer uma ultima homenagem - sorri. Estávamos sentados no sofá. Ela concordou e entreguei o celular a ela que postou a foto e me mostrou 

 To morrendo de saudades, dos teus risos teus abraços. To morrendo de saudades, desse jeito de palhaço, que não liga para nada, que da risada na cara da morte. Que não acredita na sorte. To morrendo de saudades, to morrendo de saudades... Até um dia @TeoRodrigues 



 ( ... ) 5 meses depois .... 


Oi amores, era pra eu ter postado ontem mas já ia dar 3 horas da manhã, então decidi terminar o capitulo hoje. E sim eu demoro pra escrever, mas porque fico caprichando pra vocês minhas leitoras lindas que não me abandonaram <33 kk. Comentem please, quero saber o que acharam do capitulo, beijinhos ;*

Um comentário:

  1. Tipo .. Ta fodaaaaaaaaa .. MT bom .. N demore mais pfvr km @luanjrmeuvico

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